CGTP-IN reafirma <br>linhas de acção
Realizar «uma forte campanha de reivindicações directas, a apresentar às empresas, em articulação com o fortalecimento e alargamento da organização sindical de base» é a primeira das orientações estratégicas saídas do Plenário Nacional de Sindicatos da CGTP-IN.
A «austeridade» dos últimos quatro anos resultou de mais de três décadas de política de direita
As principais conclusões da primeira reunião, em 2015, do órgão máximo da central entre congressos, realizada no dia 8, quinta-feira, foram inscritas numa resolução intitulada «Prosseguir a luta pela ruptura com a política de direita! Afirmar os valores de Abril no futuro de Portugal!», que começa por assinalar que, neste início de novo ano, «o País está mais pobre, as desigualdades e as injustiças sociais agravaram-se».
«A política de direita constitui a causa dos graves problemas económicos, sociais e políticos que o País tem vindo a enfrentar ao longo de mais de três décadas, dela resultando a imposição de medidas ditas de austeridade nos últimos quatro anos» - com os sucessivos PEC e o memorando de entendimento com o FMI, o BCE e a UE. Tais medidas «fazem parte integrante dos programas de agressão delineados pelas forças do capital e fielmente executados por governos que representam os seus interesses, com o objectivo de acentuar a exploração dos trabalhadores e aumentar o empobrecimento dos portugueses».
No enquadramento político-sindical da situação actual, a CGTP-IN refere, como «elucidativo das consequências da política de direita», o «criminoso programa de privatizações de empresas das áreas financeira, da indústria e dos serviços, com os resultados desastrosos que se conhece para o desenvolvimento do País e/ou entrega ao estrangeiro de empresas, como os CTT e a PT», uma ofensiva que «assume agora maior relevo no sector dos transportes».
A vida dos trabalhadores e a acção sindical vão ser condicionadas ainda pela «submissão ao Pacto de Estabilidade e Crescimento e ao Tratado Orçamental», pelas «medidas anti-laborais e anti-sociais inscritas no Orçamento do Estado para 2015 (em acréscimo às já verificadas nos últimos OE)», e por «outras malfeitorias, tais como os novos ataques à contratação colectiva, os bloqueios à actualização dos salários e a reintrodução do congelamento e cortes de salários na Administração Pública e no sector empresarial do Estado (após a declaração de inconstitucionalidade dos roubos efectuados)».
Depois da «destruição de mais de 230 mil empregos nos últimos quatro anos», e perante o elevado desemprego e «um vertiginoso crescimento da precariedade, com particular evidência na situação dos jovens», «o Governo do PSD/CDS-PP usa o falso pretexto da "requalificação" para, através deste mecanismo, encaminhar para o despedimento mais de doze mil trabalhadores».
Vão crescer «as desigualdades decorrentes da transferência dos rendimentos do trabalho para o capital» e vai prosseguir «a política de destruição dos serviços públicos e a profunda transformação do Estado». O alastramento da pobreza «é directamente proporcional à crescente protecção e benefício ao grande capital».
«Impõe-se, perante tal situação, prosseguir e alargar a luta reivindicativa nos locais de trabalho, assim como intensificar a luta de massas, de forma a combater a crescente desvalorização do trabalho e dos trabalhadores», reafirma a CGTP-IN, concretizando que isso «exige parar com o processo de agravamento da exploração e empobrecimento, da liquidação dos direitos sociais e da subversão da Constituição da República e do próprio regime democrático».
Ganhar força na luta
Na resolução do Plenário reafirma-se as orientações estratégicas prioritárias traçadas na última reunião do Conselho Nacional, a 16 de Dezembro. Das linhas agora referidas, destaca-se:
– «Reforçar a acção sindical integrada, através de uma forte campanha de reivindicações directas a apresentar às empresas, em articulação com o fortalecimento e alargamento da organização sindical de base em mais empresas e locais de trabalho»;
– «Consolidar a presença e afirmação dos sindicatos nos locais de trabalho, através da iniciativa, alargamento da sua capacidade de organização, intervenção e influência junto dos trabalhadores e trabalhadoras, condição necessária para a dinamização geral da acção reivindicativa, factor de participação e unidade de todos os trabalhadores para desenvolvimento da luta pelos salários e melhorias das condições de trabalho, instrumento decisivo para aumentar a relação de forças e impulsionar a negociação colectiva, motor que faz alargar e convergir no campo da luta os trabalhadores, pensionistas e outras camadas da população contra a política de direita e por uma alternativa política, de esquerda e soberana»;
- «Intensificar a luta reivindicativa» por objectivos imediatos, a começar pelo «aumento geral dos salários e do salário mínimo nacional para 540 euros, a 1 de Janeiro de 2015», mas apontando também para que seja efectiva, desde o primeiro dia do ano, a reposição dos valores fixados na contratação colectiva para o pagamento do trabalho suplementar, mantendo a exigência da reposição dos dias de férias e dos feriados roubados aos trabalhadores;
– A semana de 35 horas na Administração Pública, assim como a «redução progressiva de horários superiores àquele, sem diminuição do salário, para os trabalhadores dos restantes sectores»;
– A promoção do emprego permanente e de qualidade, com estabilidade e segurança, valorizando as profissões e as carreiras profissionais;
– A defesa e dinamização da contratação colectiva;
– A melhoria das funções sociais do Estado (Educação, Saúde e Segurança Social);
– A defesa do Poder Local democrático;
– A manutenção e alargamento do sector empresarial do Estado;
– Uma política fiscal mais justa e que esteja ao serviço do País, garantindo o aumento da receita através da taxação do capital.
Próximos marcos
Em 2015, a CGTP-IN pretende «promover a intensificação da luta e da elevação da consciência social dos trabalhadores e da população em geral, como um elemento decisivo para, no quadro das próximas eleições legislativas, derrotar a política de direita, o Governo do PSD-CDS e alterar a correlação de forças na Assembleia da República, de forma a assegurar uma política de esquerda e soberana, comprometida com os valores e direitos de Abril».
Na resolução ficaram marcadas duas iniciativas de âmbito nacional, que vão exigir «o máximo empenho» de toda a estrutura sindical:
– a «Juventude em Marcha – Trabalho com direitos! Contra a precariedade e a exploração!», que tem «acções centradas nos locais de trabalho» e vai culminar com uma manifestação em Lisboa, a 28 de Março, Dia Nacional da Juventude;
– o 13.º Congresso da CGTP-IN, a 26 e 27 de Fevereiro de 2016, cuja realização foi aprovada no Plenário, prevendo uma discussão que irá decorrer ao longo do ano em curso.
A Intersindical Nacional exorta «todos os trabalhadores a que intensifiquem a luta por uma política alternativa, de esquerda e soberana», realçando os seus conteúdos essenciais, assumidos como «imperativo nacional»: «Afirmar o primado dos interesses nacionais, o que exige libertar Portugal das amarras do Tratado Orçamental e de outros instrumentos que limitam a sua soberania; Renegociar a dívida, nos seus montantes, prazos, juros e condições de pagamento, recusando a sua parte ilegítima; Aumentar a produção nacional e criar empregos permanentes e de qualidade; Combater os processos de privatização em curso e retomar o controlo do Estado sobre as empresas e os sectores estratégicos para o desenvolvimento do País; Valorizar o trabalho e dignificar os trabalhadores, através de uma mais justa distribuição da riqueza produzida e do combate às injustiças fiscais».